quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Nos perderemos entre monstros... Da nossa própria criação!


A última vez que sentei aqui para escrever na coluna foi no dia seguinte à minha colação de grau na faculdade. Eu estava animada, saudosa, emocionada. Naquele dia meu coração batia forte no peito à medida que eu lembrava de cada momento marcante que a faculdade me trouxe.

Lembrei da primeira vez que assisti à aula do Mauro Iasi. Da Márcia ensinando brigadeiro de microondas. O entusiasmo do Hélcio e a primeira nota baixa na primeira prova de Romano. A primeira reunião na direção da faculdade, para tratar de bolsas de estudo dos primeiranistas que haviam sido cortadas (2007). O primeiro apitaço. A primeira vez em que vi alguém do CA discursando no pátio. A minha primeira eleição para o CAXXA concorrendo com a chapa Pela Luta. A bateria tocando nos intervalos com as meninas da atlética dançando na frente da sala ao som de "são bernardo!". O dia em que finalmente consegui gritar a plenos pulmões "SOU DIREITO SÃO BERNARDO A FACULDADE DO TERROR!!". Todas as aulas, provas, subs, exames. Tentativa de federalização da faculdade. Primeira reunião da congregação, do conselho departamental. O exame oral do Padin às 2h da manhã. A primeira prova da Beth. Os resumos da Dani Toste. O dia em que aboliram o cigarro da faculdade e eu parei de voltar pra casa fedendo a "balada". Meus amigos e colegas de sala, aquela sala que tanta polêmica trouxe aos corredores da faculdade. A polêmica Turma 43. Tantas pessoas, tantos dias, pouco tempo.

A maturidade hoje me permite falar com mais propriedade sobre todo esse processo de aprendizado. Um caminho de muitos erros, MUITOS erros, alguns acertos, muita fé, muita verdade e comprometimento. Comprometimento de todos aqueles que estavam lá também. Amigos, colegas, companheiros de chapa e de luta, muita luta, NOSSA luta. E mais uma vez estamos às vésperas de mais uma eleição.

Não, eu não vou falar da eleição da atlética. 

Poucos sabem nos dias de hoje que a minha trajetória na faculdade deu-se de forma muito mais ligada ao CAXXA. Pois é. Minhas noites, meus finais de semana e feriados, assim como de todos do "Pela Luta" (chapa que cuidou do CAXXA de 2005 a 2009), eram dedicados exclusivamente ao Centro Acadêmico. Defendíamos projetos ambiciosos e de manutenção da associação e graças à uma luta constante e corajosa do grupo desde 2004 (entrei só em 2007) conquistamos o respeito e reconhecimento de inúmeros CAs do estado, e nos tornamos modelo de gestão a ser copiado em muitos lugares. Nossa participação política no ABC sempre foi muito significativa e isso trouxe ao XX de agosto um nome a ser respeitado muros afora.

"Blá blá blá Momo, onde você quer chegar?"

Então, eu quero chegar aí mesmo, no ano de 2004. Todos sabem que no referido ano a faculdade sofreu com a Lei da Sangria, todos sabem que perdemos R$ 54 milhões da noite para o dia, isso faz parte da história da nossa instituição. Naquele ano o CAXXA não foi capaz de impedir isso, tampouco de mobilizar os alunos de forma eficiente para proteger a nossa faculdade. Nós tínhamos um CAXXA pouco atuante, apático, preocupado demais com integração (churrascos, festas, cervejadas) e pouco preocupado em estar vigilante, em cuidar dos interesses dos alunos. Neste cenário entrou a Lei da Sangria e sofremos até hoje com as consequências desse saque, pois a faculdade perdeu inesperadamente a reserva da qual poderia dispor para investimento no campus. 

Foi nesse momento que a chapa Pela Luta apareceu. Um grupo de alunos de segundo, terceiro e quarto ano, que um dia foram até uma Lan House e redigiram a Ação Popular contra a Lei da Sangria. Os mesmos alunos que invadiram por meio da força a reunião da Congregação que aprovou a transferência do dinheiro para a prefeitura e que foram processados por isso, suspensos e perseguidos por todo o curso. Estes bravos e corajosos alunos, pessoas como eu, como você, como seus colegas de sala, formaram uma chapa e disputaram o CA e venceram. Não foram gestões "legais", de gente "pop" e com naipe de miss e mister primavera. Foram gestões (2005 a 2009) de gente comprometida, unida, preocupada. Congelaram o valor da mensalidade por dois anos, por meio da acordo com a direção. Surgiram projetos como a federalização da faculdade, reforma do estatuto e inscrição no CNPJ (2008), pois sim, o CAXXA também já foi irregular, projetos de bolsas de iniciação científica, pesquisas de qualidade de ensino, cerca de 200 horas de palestras todo ano, e quando o grupo deixou o CAXXA em 2009, o entregou com R$ 10mil reais em caixa. 

Essa história que contei não tem o objetivo de promover ou fazer propaganda de uma chapa que nem mais existe. Tem o objetivo apenas de ilustrar como uma associação nossa pode ser apática e inerte aos problemas da faculdade, como isso pode gerar problemas que refletirão na vida dos alunos até quase uma década depois do fato e como isso depende apenas de nós para mudar. Claro que até mesmo a gestão do Pela Luta teve defeitos e cometeu erros, mas a principal conquista desse grupo foi o respeito dos alunos, a confiança do corpo discente. Quando qualquer pessoa tinha um problema procurava o CAXXA imediatamente, sem pensar duas vezes, era acolhida e o problema na maioria das vezes solucionado, o CAXXA se tornou o que um Centro Acadêmico deve ser, um refúgio dos alunos, um escudo para os alunos. A gestão era pensada a longo prazo, para evitar problemas futuros e remediar situações maléficas para o corpo discente e não apenas para um ano.

Assim, por essa particularidade do CAXXA eu sempre defenderei a separação entre a Atlética e o C.A. Não há, na minha visão, a menor possibilidade dessa mistura ser benéfica para o Centro Acadêmico. Vejam bem, ela é possível, mas na prática a coordenação do CAXXA não funciona, o trabalho fica contaminado por outra estratégia de atuação, que pertence à outra associação, a Atlética. Acredito que é possível sim que as duas associações se entendam, é importantíssimo isso, mas as duas gestões não devem nunca se confundir. Entendo que qualquer relação desse tipo beneficiará apenas a Atlética, prejudicando um CAXXA que já há alguns anos está bem apático, comparado ao CA que encontrei no meu primeiro ano.

As duas associações tem objetos e objetivos bem diferentes, tem funções diferentes e relações muito distintas com a faculdade. Claro que eu sou a favor da integração e da união, quem não é? Um Centro Acadêmico que dialoga com uma Atlética é legal, mas isso do ponto de vista prático e não ideológico não facilita em nada o trabalho de um Coordenador, muito pelo contrário. Com o tempo os problemas de uma Atlética sempre serão mais atrativos e urgente do que os de um CA, que ficará em segundo plano. Infelizmente é assim. Além disso, a relação de um CA com a direção sempre é mais espinhosa, trata de questões pouco confortáveis e ao mesmo tempo a de uma Atlética não é assim, é mais amistosa, com um canal de comunicação mais frequente. 

É por isso que hoje eu tive uma conversa bem preocupante com algumas pessoas de minha total confiança, entre elas a Marcela Permuy, congressista e ex-coordenadora do CA e com a Fernanda Sereni, que joga comigo no time de futsal da faculdade e que é uma pessoa muito preocupada com a FDSBC, e depois dessa conversa tomei a decisão de apoiar a chapa delas para o CAXXA. Depois de quase duas horas de conversa eu realmente acredito que são pessoas comprometidas com o bem do Centro Acadêmico, com uma gestão séria e bem próxima do que vivi enquanto estava junto do Pela Luta. Uma visão coerente da faculdade e de nossas deficiências, um projeto para o CAXXA que condiz com o que os alunos precisam no momento e todos com muita vontade de cuidar, a palavra é essa: cuidar, do nosso querido Centro Acadêmico XX de Agosto.

Peço que também cedam um tempo do dia de vocês para ouvir essas pessoas. Tenho certeza que vão acreditar no trabalho delas tanto quanto eu acredito. Achei importante voltar com a coluna exclusivamente com este propósito e apenas para o dia de hoje, pois o Centro Acadêmico tem lugar privilegiado no meu coração e na minha memória, e muito me preocupo com a nossa faculdade, todos sabem disso.

Eu não gosto de me pronunciar em favor de chapas, não me sinto muito a vontade com isso, prefiro adotar uma postura neutra. Porém, a preocupação em relação ao CAXXA nunca deixa meus ombros, e eu realmente temo por essa nossa importante associação.

E isso é ser Direito São Bernardo, não é só por cinco anos, é por toda uma vida... não é só até o Chora São Bernardo, São Bernardo Chora... é pra sempre...