quarta-feira, 24 de agosto de 2011

A escolha NÃO é sua!


Aula de Prática Penal
Aluna – Professor, nem todos aqui vão prestar a prova da OAB na parte de Penal.
Professor – Então o que estão fazendo aqui?
Aluna – Cumprindo a grade, precisamos nos formar.
Professor – Isso não é problema meu.

O assunto da coluna dessa semana pode não interessar a todos de imediato, porém bernardenses, é um purgatório pelo qual todos iremos passar, as enigmáticas aulas de Prática Jurídica. E, apesar da coluna desta semana tratar apenas deste tema específico, a crítica se aplica a toda a nossa grade obrigatória.

Até o ano letivo de 2009 as “PJs” eram distribuídas na grade obrigatória dos quartos e quintos anos de forma alternada em dois semestres, cada um dedicado a uma área (civil e trabalho para os quartos anos/ tributário e penal para os quintos anos), porém a partir de 2010 isso tudo mudou. Só para variar, a turma 43 novamente serve de cobaia para as experiências mal planejadas da faculdade. A partir deste ano as práticas jurídicas serão ministradas simultaneamente por todo o ano letivo.

Para quem ainda não chegou pelo menos ao quarto ano, "PJ" não é apenas uma disciplina cujo número máximo de faltas anuais é 16, mas também é onde você começa a compreender a extensão da deficiência pedagógica da faculdade, consolidada com o passar dos anos e com a alternância entre professores comprometidos e aqueles que apenas passam slides e contam piadas. "PJ" é uma disciplina em que a todo momento você se pergunta: "onde eu supostamente deveria ter aprendido isso? posso pedir meu dinheiro de volta?". Então você olha para um professor "super" comprometido e paciente com um pedido de socorro estampado na testa para apenas encontrar mais descaso e becos sem saída.
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Bem, se você tem aula com determinada professora, ela filosofará sobre a matéria durante uns 20 minutos, tempo suficiente para que você esqueça inclusive a pergunta que fez a ela, mas se for um outro professor ele olhará para sua cara, dirá para perguntar à assistente dele, ou simplesmente fingirá que não te escuta, para na prova te presentar com 1,5, ou ainda se fosse outra professora, ela mandaria e-mail na quarta-feira com o tema da peça de sexta, e se você não entregasse ela lhe tiraria pontos! Pois é, bem vindos às aulas de prática jurídica.

O que revolta a todos meus caros, não é nem o descaso de determinado professor durante as aulas de uma matéria crucial no nosso curso, tendo em vista que aprendemos a engolir sapo em todos os anos, cada um com sua estrela. O que revolta é: porque diabos eu preciso fazer PJ PENAL, por exemplo, se eu vou prestar prova em Administrativo/Civil/Tributário/Trabalho? Não seria mais produtivo, deixar à escolha do aluno, que a cada semestre optasse pela matéria que melhor lhe convir? Eu por exemplo adoraria ter dois anos em PJ Civil, com 4 semestres em temas específicos, Locações/Família/Consumidor/Sucessões. Olha só que maravilha, saio da faculdade tendo uma grande noção prática da área que escolhi. Porém isso aqui é Direito São Bernardo, e não, não, não, dane-se que vou prestar prova em Civil, eu preciso ficar lá tentando não estourar minhas faltas durante o ano, pra depois aprender a fazer as peças da prova no cursinho preparatório!

Seria pedir demais que ao invés de duas PJs que nos obrigam a cursar, nos fosse dada a chance de escolher? E aí ao invés de duas PJs o ano todo, tendo apenas uma na grade, encaixar mais um ano de Administrativo? Ou de Processo Penal? Ou de Processo do Trabalho? Ou mais um ano de difusos e coletivos, para que tivéssemos boa noção de consumidor e ambiental? Enfim, qualquer outra coisa... ou melhor ainda, uma matéria eletiva!

Eu fico louca da vida! Qual o problema em desengessar a grade? Qual o problema em nos darem a oportunidade de escolher as matérias que teremos, ao menos no último ano de faculdade? 

O resultado da obrigatoriedade das disciplinas é o que ocorre com os quintos anos hoje, quando a média de notas nas provas de PJ Penal foi de 2,0, sendo que ao que me consta, apenas uma sala teve nota azul, e não foram muitas. Prova corrigida sem critérios claros, sendo que no noturno foi esse show de horror com uma prova valendo 10 pontos!

É inconcebível numa faculdade do gabarito da São Bernardo que fatos como este perdurem durante tanto tempo. O que falta hoje na nossa instituição de ensino é coragem em ousar, coragem para ser pioneira e nos colocar para pensar, para melhorar nosso curso e voltarmos a ter níveis de aprovação significativos na OAB. os alunos estão apáticos e só um cego não vê isso.

Todos nós fomos instruídos até o último ano do ensino médio, e inclusive no cursinho, com uma metodologia construtivista, que visava o raciocínio, com didática forte e métodos de ensino avançados, porém quando entramos na faculdade, encontramos o velho sistema de ensino "se vira", e não vejo problema algum nisso, muito pelo contrário, aposto que muitos adorariam poder estudar por conta própria na biblioteca (se ela tivesse livros atualizados), ao invés de ficar trancado na sala muitas vezes escutando groselha (ou não escutando nada), o problema é que a faculdade deu um jeito de nos prender na sala no único horário do dia que poderíamos estudar, e essa maldita chamada eletrônica é o tema da semana que vem!

CHORA SÃO BERNARDO (desse jeito o quinto ano não vai embora)