segunda-feira, 13 de junho de 2011

Gesso pra que te quero!

Primeira coluna do ano, e a sensação disso é a mesma provocada pelo barulho de uma latinha de coca gelada se abrindo num dia quente de verão: “clec”. Delícia! Então, mãos à obra!

Pensei muito sobre o que falar nesta primeira coluna. Pensei muito sobre a São Bernardo, sobre seu papel na comunidade bernardense, e também na comunidade acadêmica. Afinal, muito deveria se esperar em matéria de produção científica de uma faculdade de direito, que não apenas nasceu no berço do outrora expressivo sindicato dos metalúrgicos e das grandes greves de 78, mas que também, por sua natureza de instituição pública, acaba por conviver diretamente com os problemas e dificuldades da administração pública municipal... Entretanto, o que veio à minha cabeça é "por que?" 

Por que com os passar dos anos a faculdade tornou-se tão inexpressiva? Em que ponto nesta jornada de 5 anos, aquele desejo ávido pelo direito foi desaparecendo? Por que sinto que não há retorno algum do meu investimento? Não sei se isso se deve à alguma bactéria que atinge alunos da FDSBC, mas jaz em mim e em muitos a sensação de que é inútil ir à faculdade.

Será que a culpa é a de que escolhemos o curso errado? A faculdade errada? Será que somos preguiçosos, como alguns professores dizem? 

Ainda não consigo responder a nenhuma dessas perguntas, e até mesmo pensei em largar a faculdade e fazer Filosofia, mas de algo eu sei, e é o seguinte: vivemos sobre um regime de letargia e engessamento, vivemos sob uma política de retrocesso intelectual, dentro dos muros da faculdade, fomos programados para não pensar, e nem ao menos percebemos isso.

A cada dia nos dedicamos menos ao direito, e mais aos resumos da Dani Toste e rezamos para que dê certo na hora da prova. Eu confesso, sou uma dessas pessoas, só que nem sempre eu fui assim, e me pergunto o que mudou?

Bem, o que mudou é que ao longo do tempo eu simplesmente desisti de debater com professores que muitas vezes não estavam preparados para dar aula, não estavam nem com vontade de responder perguntas, professores que engessados por uma ausência de incentivo à produção científica da própria faculdade, contaminam seus alunos com isso. 

O que esperar de um profissional que não se atualiza adequadamente? Que não pesquisa? O que esperar de um profissional que tem o mesmo pensamento há anos, a mesma didática, ou a falta dela? Um profissional que não aceita ser questionado, ser submetido à forte argumentação?

Fomos sabotados no princípio meus caros, e nós nem percebemos! Como questionar professores de Direito Civil III, se no momento de aprendermos Civil II fomos submetidos à uma qualidade de aula insignificante? Como podemos argumentar de forma correta se não aprendemos os principais fundamentos da matéria? Seria o mesmo que esperar que uma casa se instale sem um chão embaixo dela. E isto, somado à uma rotina estressante em nossos estágios e empregos, resulta numa pré disposição a abandonar aulas que são ministradas, com todo respeito, de qualquer jeito.

Lidamos com cartorários mal humorados, chefes ignorantes, trânsito caótico, processos congelados durante todo um dia, e quando chegamos à faculdade temos de lidar com a má vontade de certos professores, além das deficiência carregadas ao longo dos anos. 

Somos obrigados, mesmo exaustos, a suportar a malícia de professores que ameaçam alunos pelo simples fato de poderem, a aguentar a péssima educação e falta de respeito de poucos, o descaso de um ou outro, e de uma forma geral, encarar a dificuldade dos mais esperançosos de erguer uma casa sem fundações.

Nosso estímulo entretanto, é algo muito forte e presente. Não, não é o amor pela faculdade. É a chamada eletrônica. Parabéns São Bernardo, conseguiram fazer com que comparecêssemos à aulas e ficássemos 50, 100 ou 150 minutos, brincando de aula de corpo presente enquanto um professor tenta nos despertar da letargia.

O que é curioso é que as aulas em que professores não fazem chamadas são aquelas que permanecem cheias, e salas em que o professor sempre faz chamada, se ele deixasse de fazer, automaticamente se esvaziariam, sendo a chamada eletrônica não um controle, mas uma arma desse engessamento. Pergunto a vocês, a sala de aula da Elizabeth se esvaziaria se ela optasse por nunca mais fazer chamada? Pois é, eu também acredito que não.

Como sentir vontade de permanecer em sala com um professor que também deixou de pensar sobre o direito? Como nos dedicar à uma matéria que não te desafia? Como esperar uma postura diferente de uma faculdade cujo foco não é a pesquisa?

Ao invés de nos estimularem à letargia, deveriam nos estimular à pesquisa, à construção do pensamento, a pensar o direito. Somos pegos com opções únicas de doutrina, opções únicas de correntes doutrinárias, sem que sequer nos dêem a chance de pensar se aquilo é o mais adequado para a nossa sociedade, ou se um novo pensamento poderia ser produzido dentro dos muros de nossa faculdade.

É claro que nos deve ser ensinado o que é adotado pelo direito brasileiro, porém, nos entregar tudo pronto sem questionamento é o mesmo que ensinar à uma criança que dois mais dois são quatro sem ensiná-la sequer o que é somar!! E assim a Faculdade de Direito de São Bernardo do Campo forma operários do direito, peões jurídicos, e não pensadores do direito, não apenas operadores, mas pensadores! Nós temos uma matéria prima tão boa, e a desperdiçamos todos os anos.

Não defendo aqui a idéia por trás da concepção engessada, não discuto aqui se o professor no caso está certo ou errado, mas sim a falta de abertura que se dá para o pensamento, para a análise científica do termo jurídico ou da doutrina. O pensamento engessado afoga qualquer intelecto, pois quando o conceito dado de bandeja não pode sequer ser questionado, com uma tese possivelmente até melhor do que a que a doutrina majoritária como exemplo adota, estamos trabalhando para o engessamento também do direito tal como ciência.

E o pior de tudo, temos receio de enfrentar nossos professores. Temos receio de questioná-los, ou até mesmo de cobrá-los, temos receio de que eles saibam que achamos as aulas deles péssimas!

Com tantas mentes brilhantes em uma faculdade, a maioria está inerte, sufocada por certezas, e sedenta de dúvidas e questionamentos. Estamos letárgicos, pois não há interesse de que se crie, apenas de que se copie. Pois é...

Chora São Bernardo!


*este texto é dedicado ao César Galvão, meu amigo e colega de sala, formado em ciências sociais, que trancou a faculdade agora no quinto ano por não suportar mais vir às aulas e ao Raphael Chen me ajudou a revisar essa primeira coluna.

Professores, por obséquio, se lerem esta coluna, falem com seus alunos, humildemente, e abram diálogo para saber o por que do desinteresse pela sua matéria, e se o caso for o mesmo da casa sem chão, da falta de fundamentos, retomem a matéria, nos ensinem, mesmo que não for sua obrigação.
 Não deixem que nos formemos pensando que afinal de contas, basta fazer cursinho para aprender o que não aprendemos na faculdade, pois acreditem, há muitos alunos que passam de ano sem aprender a matéria. E quando ouvirem as nossas críticas, não sejam vingativos, aprendam que com o pouco tempo que nós temos para nos dedicar à faculdade, o tempo de aula deveria ser o mais estimulante possível, pois é nele, e apenas nele, que poderemos pensar sobre a matéria. Muitos de nós estudam nos ônibus a caminho da prova, muitos de nós estudam meia hora antes das provas. Afinal de contas, precisamos pagar a faculdade. 
Penso, e esta é uma dica e uma crítica para a direção, que se fossem disponibilizadas bolsas integrais para pesquisa, para estudo, muitos alunos que trabalham apenas para pagar a faculdade poderiam deixar de trabalhar para escritórios, e trabalhar para a faculdade, produzir o direito em nome da FDSBC. Seria um diferencial, algo bom para a sociedade e para erguer o nome da faculdade.
Conheço a situação financeira da FDSBC, e sei que o nível de inadimplência é diretamente proporcional ao aumento de valores das mensalidades. Porém, se investissem mais em nós, poderiam obter um retorno financeiro muito maior. E a relação candidato/vaga de nossa faculdade sairia rapidamente dos  2,41 no matutino e 3,16 no noturno. Fica a dica!

terça-feira, 7 de junho de 2011

Apresentação

Primeiro post do blog, primeiro tema a ser abordado na coluna! E enquanto a Coordenadoria de Comunicação Social do CAXXA termina de afinar-se para a publicação do folhetim semanal impresso, por aqui vou esquentando os motores para o início da coluna "Chora São Bernardo", que terei o privilégio de produzir este ano.

A intenção do blog é apenas de complementar os assuntos da coluna, tendo em vista que o espaço de lá será bem reduzido, e aqui há mais espaço inclusive para que vocês possam opinar também! Críticas serão muito bem vindas, e muito bem feitas, espero.

A intenção da coluna é simplesmente tirar da zona de conforto todos aqueles que acostumaram-se com o comodismo que impera na FDSBC. Sim, aqui questionaremos o funcionamento e qualidade da cantina, a qualidade das aulas e tudo o mais que houver de ser despido e dissecado! Aqui responderemos perguntas como: cadê o recheio? para onde vai nosso dinheiro? onde está o projeto do Niemeyer? e por que alguns professores sempre fogem das perguntas...

Sim, meus caros, colocarei a boca no mundo, sem medo de ser feliz e de pegar DP!

Depois de muitos nomes optei por "Chora São Bernardo" para a coluna, pegando emprestado o termo utilizado pelos quintanistas em época de bota fora, espero que gostem.

Prazer, meu nome é Monique, fui Coordenadora de Finanças do CAXXA por dois anos (2008 e 2009), Coordenadora Geral do CAXXA em 2009, representante discente nomeada pelo CAXXA para o Departamento de Processo da FDSBC em 2009, membro da Congregação em 2010, Presidente da AAAXXA em 2010, Representante Discente no Conselho Departamental este ano!